CONTINENTE-BOLHÃO
Excelentíssimo Senhor Presidente,
Excelentíssimos Senhores Vereadores,
Com carácter de urgência vem a Presidente da Associação de Comércio Tradicional Bolha de Água, em representação dos órgãos sociais da associação, solicitar aos senhores eleitos para governar a Cidade do Porto a apresentação de explicação cabal e intervenção imediata do que a seguinte imagem emana:
1º Como é que a Câmara Municipal do Porto, ao mesmo tempo que investiu dezenas de milhões de euros de dinheiro público, no projecto de renovação e modernização do Mercado do Bolhão, norteado, balizado e assente num mercado de frescos e tradicional, licenciou, simultaneamente, mais um supermercado de uma grande cadeia de distribuição alimentar, numa área da cidade já saturada de supermercado: dois da cadeia Pingo Doce, dois da do Minipreço, um Continente e um Bom dia Continente em Santa Catarina.
Agora deparamo-nos com um Bom Dia Continente que publicitam como no BOLHÃO mas que, de facto, se localiza na esquina do Mercado do Bolhão, ao qual se associará uma praça de alimentação e num projecto que se chama Quarteirão D. João I, não é Quarteirão Bolhão.
Abaixo, na Estação de São Bento, mais uma praça de alimentação a inaugurar em breve, gerida pela Time Out.
Ao mesmo tempo, também se promove a transição de um mercado de frescos e tradicional para outra praça de alimentação no Bolhão, destruindo os elementos diferenciadores e de atractividade do mesmo mercado que terá de competir com dois colossos: a Sonae e a Time Out.
2.º Como a Câmara Municipal do Porto vai assegurar o interesse público do Bolhão, os legítimos interesses dos comerciantes do BOLHÃO e que medidas vai tomar para esta apropriação abusiva e oportunista do nome BOLHÃO em conflito directo com os comerciantes do Bolhão, o verdadeiro e único. Recordo que o Mercado do Bolhão é um monumento classificado, não só o imóvel como a sua funcionalidade.
3.º Sabendo de antemão destes acontecimentos que medidas de promoção, divulgação e marketing foram implementadas pela equipa de gestão e direcção para criar resiliência nos comerciantes do Mercado do Bolhão e fazer face à feroz competição de um monopólio da grande distribuição alimentar, que como se constata vem com uma estratégia comercial agressiva? Quais as competências desenvolvidas da equipa de gestão e direcção do Mercado do Bolhão para fazer face à competição estruturada e profissional que se avizinha? Os limites de carga do sistema comercial portuense não são infinitos.
4.º Como é que foi assegurado o interesse público e o conflito de interesses entre o projecto de renovação e modernização do Mercado do Bolhão com o do Quarteirão D. João I, agudizado pelo facto do Coordenador do Gabinete do Mercado do Bolhão, em simultâneo, ter exercido funções nos dois projectos, através da + Urbano, ao que se somou a participação no lançamento do primeiro Bom dia Continente, o Via Rápida? É só uma coincidência?, pergunto.
5.º É do conhecimento de todos que nenhuma estratégia de reabilitação urbana será bem sucedida sem a diversidade económica e social e a vida que o comércio tradicional proporciona. A densificação das unidades comerciais de grandes cadeias de distribuição nesta área da cidade é uma realidade, pelos vistos, acarinhada pelo actual executivo, o que torna um paradoxo a sua compatibilização com reabilitação urbana e a própria reabilitação do Mercado do Bolhão. Qual a estratégia e respectivo plano de acção que enquadram estes factos?
6.º No projecto base do documento estratégico do Quarteirão D. João I, da SRU, consta o seguinte:
image.png
No enquadramento anterior, isto é, de elevada densificação de unidades de cadeias de distribuição alimentar e a própria funcionalidade do Mercado do Bolhão, a instalação de um Bom dia Continente se compatibiliza com os propósitos desse projecto, a saber, estabelecimentos âncora e que atraiam e modernizem o tecido comercial da Baixa?
Exigem-se respostas a todas estas questões e, com urgência, intervenção.
A Associação Bolha de Água, de antemão, preparou-se para estes acontecimentos e no nosso documento estratégico, que NINGUÉM com poder decisório o quis debater connosco, constam muitas medidas para lhes fazer face.
Minhas Senhoras e Meus Senhores, não é viável continuar a fechar os olhos a estes acontecimentos e à sua repercussão na destruição da identidade da Invicta, provavelmente de forma insanável, e muito menos é honesto escamotear toda esta dinâmica com os “teatros” que se viram nas últimas reuniões de executivo.
É necessária uma intervenção urgente e, como sempre, cá estaremos na LUTA.
P’la Bolha de Água
Helena Ferreira
Presidente da Direcção da Associação de Comércio Tradicional Bolha de Água