FEIRA DE NATAL 2023
À Direção do Mercado do Bolhão,
A Associação de Comércio Tradicional Bolha de Água começa por manifestar a sua
concordância com a realização de uma Feira de Natal no Mercado do Bolhão com o objetivo
principal de promoção dos produtos e serviços comercializados nas bancas, lojas e restaurantes
do Mercado do Bolhão. Contudo e, após análise da informação enviada sobre a forma e condições de realização desta Feira, vem manifestar a sua preocupação tendo em conta o seguinte:
O Mercado do Bolhão deve ser promovido como o grande Mercado de Natal na cidade do
Porto, um ex-libris com uma agenda mobilizadora para os passeios e compras natalícias em
que, em primeira linha, têm de ser promovidas as atividades comerciais do Mercado do
Bolhão, abrindo-se, eventualmente, a participação ao exterior, com a venda de produtos
complementares, diversificando a oferta do mercado como móbil para atrair novos
públicos, nomeadamente, os residentes na Área Metropolitana do Porto.
Analisando as Normas e Condições de Participação da Feira de Natal 2023 verificamos que
as atividades de 15 bancas a concurso colidem diretamente com as atividades das bancas e lojas do Mercado do Bolhão. A entidade gestora do Mercado do Bolhão enceta esforços e investe somas em marketing para promoção de competição comercial direta aos produtos dos comerciantes do Mercado do Bolhão, prejudicado assim a atividade de venda dos
comerciantes, que são o próprio Mercado do Bolhão. Lembrando que, para muitos, a
época de Natal traduz-se num pico de vendas considerável que equilibra as contas
financeiras do ano.
Segundo o artigo 49.º alínea l) do Regulamento n.º 82/2020 do Município do Porto é
obrigação da entidade gestora coordenar e orientar a publicidade e promoção do Mercado
do Bolhão, sendo que como Mercado do Bolhão se entende a atividade dos seus
comerciantes e restauração. Com a realização desta feira, nos moldes atuais, a entidade
gestora incumpre esta obrigação, já que promove atividades comerciais que colidem e
competem com a atividade dos comerciantes do Mercado do Bolhão, tanto do interior
como do exterior.
As informações sobre a realização da feira foram veiculadas para os comerciantes do
Mercado do Bolhão apenas no dia 10 de Novembro 2023, quando a sua divulgação ao
exterior iniciou no dia 6 de Novembro e o período de inscrição no dia 7 de Novembro.
Neste ponto é posição peremptória da Bolha de Água que os comerciantes devem ser
diretamente envolvidos nestas atividades, desde a fase de conceção, e devem ser sempre
os PRIMEIROS a receber informação sobre as mesmas.
Durante o dia de hoje a Direção do Mercado do Bolhão foi lesta a entregar uma circular
pedindo que fosse assinada pelos comerciantes das bancas, demonstrando a sua anuência
com os eventos, tardiamente e como reação à discordância da Bolha de Água, mas não foi
lesta, previamente, a explicar detalhadamente a estratégia subjacente à realização dos
eventos e muito menos recolher a opinião dos comerciantes sobre o que desejavam para o
Natal. As lojas exteriores estão, até nestas comunicações, totalmente esquecidas.
No enquadramento dos cinco pontos anteriores vem a Associação Bolha de Água transmitir a
sua total discordância com a estratégia e as práticas em que assenta a realização desta Feira de Natal que apresenta potencial de prejuízo considerável para vários comerciantes do
Mercado do Bolhão. Programar seja o que quer que seja para o Bolhão sem ouvir quem nele trabalha é uma desconsideração dos vendedores e comerciantes mas não deixa de ser um sinal de inaceitável desprezo por quem ali trabalha diariamente.
Na mesma linha solicita que urgentemente a atividade, Feira de Natal, seja, obrigatoriamente, moldada pelo cumprimento da obrigação de promoção dos comerciantes do Mercado do Bolhão e que antes da sua divulgação, os comerciantes do Mercado do Bolhão sejam auscultados.
Se a situação persistir, isto é, se se realizar uma Feira de Natal com bancas temporárias
externas que competem com atividades existentes no mercado, a Associação Bolha de Água
demonstra já a sua intenção de recorrer a todos os mecanismos legais ao dispor para fazer
cumprir o Regulamento do Mercado do Bolhão, tal como impedir que a Direção do Mercado
do Bolhão invista em ações de competição direta que trazem prejuízos diretos aos legítimos
interesses dos comerciantes do Mercado do Bolhão.
Por outro lado, acrescenta-se que a Feira de Natal, nos moldes atuais, além de colidir com os
interesses dos comerciantes, igualmente, e passado um ano de abertura formal deste espaço
icónico da cidade, transmite, por parte da equipa gestora, a aplicação de uma estratégia
redutora, conformista, sem ambição e sem qualquer lampejo de inovação, cria$vidade e de
dedicação à causa Bolhão, tendo em conta todo o potencial do Mercado do Bolhão.
O Natal do Mercado de Bolhão tem de almejar o brilho, a disrupção, a atratividade, a
notoriedade, a mobilização dos consumidores e da sociedade civil nacional. Não é com uma
feirinha com as características de feirinha de bairro, com uma imagem sofrível que se caminha
nesse sentido.
Os senhores e as senhoras têm nas mãos um diamante em bruto e, notoriamente, falta a arte
para o saber lapidar. Contudo, os comerciantes do Mercado do Bolhão ambicionam mais,
precisam de mais e estão disponíveis para apresentar as suas ideias para fazer melhor e
participar empenhadamente. Na nossa imaginação estão os famosos Mercados de Natal de tantas cidades europeias, ver figura 2. No seu conjunto: bancas, lojas e restaurantes têm todas
as condições para eles, por si, serem o MERCADO DE NATAL DA CIDADE INVICTA.
Do exterior só se pode aceitar quem complemente as atividades do Mercado do Bolhão, não
se pode aceitar nenhuma atividade que faça competição direta sob pena de se desvirtuar
todo o conceito do Mercado do Bolhão, lembrando que se hoje existe Mercado do Bolhão
foram os seus vendedores e as suas vendedoras que arregaçaram as mangas para lutar por
ele.
Para começar, basta olhar para as redondezas. Abaixo compila-se uma série de imagens da
Ourivesaria Marcolino que, todos os anos, brinda a cidade com as suas iluminações de Natal,
como exemplo do que poderia ser feito no edifício do mercado. Tanto as bancas, como as
galerias onde se localizam os restaurantes, como as quatro fachadas do edifício que se
estendem ao longo de quatro ruas onde se localizam as lojas, deviam ser alvo de um projeto de
iluminação natalícia. A Rua Alexandre Braga tem todas as condições para acolher uma Árvore
de Natal, bancos, baloiços e, até, um carrossel.
As montras das lojas, as bancas e os restaurantes deviam ser alvo de montras de Natal
subordinadas a um tema global e conjunto. A par disso, no terreno é necessária uma
campanha de comunicação e marketing do Mercado do Bolhão como Mercado de Natal que
devia abranger todos os órgãos de comunicação social, com um mote e imagem estudada e
motivadora.
Julgamos, caso haja vontade, que estão criadas as condições para se começar já a trabalhar no
objetivo apresentado, as centenas de milhares de euros remunerados anualmente em rendas
possibilitam o investimento na estratégia apresentada.
A Bolha de Água aguarda o melhor encaminhamento das preocupações manifestadas e,
igualmente, das sugestões, estando disponível para colaborar ativamente na gestão do
Mercado do Bolhão e agirá como referido sempre no sentido de defesa inequívoca do que
considera o melhor para o futuro do Mercado do Bolhão como um mercado público, de
frescos, popular e tradicional.
Porto, 13 de Novembro 2023